segunda-feira, 27 de agosto de 2012

SEMMELWEISS - A vida e obra de, companhia das letras, 1998.



Formado em 1844 se interessou pela alta incidência de febre puerperal em pacientes de médicos e estudantes de medicina, quando comparado às mães que tinham seus filhos com as parteiras do hospital. Suspeitou que isso se devesse ao fato dos médicos e estudantes de medicina irem, por vezes, direto da lida com cadáveres para a sala do parto. Os médicos, que acreditavam ser impossível o contágio por manipulação de cadáveres - pois a morte era o fim de todo e qualquer manifestação de vida do paciente e, portanto não havia o que transmitir - e julgaram sua hipótese estúpida. Para eles a febre se originava do próprio corpo da paciente, e os esforços de cura eram inúteis. O Doutor insistiu, mandou instalar pias e exigiu que todos se higienizassem antes do parto. Apesar dos impressionantes resultados - queda de 18% para 1,2% de contaminação - os médicos e estudantes, injuriados, resistiram e por fim foram liberados pela direção do hospital de realizar a higienização. Com alguns profissionais o procedimento não mostrava tantos resultados positivos... Talvez estes não tomassem realmente as precauções recomendadas... O Doutor foi perseguido, e apesar do sucesso das poucas experiências que conseguiu realizar, não obteve reconhecimento. Em 1858 apresentou sua tese na academia de medicina de Paris, que foi rejeitada. Foi dado como louco e internado. Ao sair da internação, invade o anfiteatro da faculdade, vai até o cadáver que estava sendo dissecado, fura-o num ponto infeccioso com o bisturi e corta-se. Morre três dias depois, aos 47 anos.

Segundo a versão de Celine, o corte foi acidental, num momento de loucura, e o suplício da morte demorou três semanas, e neste período é que ele foi internado em um hospício.
Celine diz ainda que Semmelveis tinha um gênio irascível,
Diz que seus dois mestres e melhores amigos “procurando apoiá-lo, aconselhá-lo, várias vezes tentaram moderar seus arroubos impetuosos, convencê-lo da inutilidade de suas insolências, de suas intermináveis polemicas com contraditores de má fé”. “Durante os anos de impiedosas provações, quando a malta dos inimigos uivou seu ódio a Semmelweis acuado, banido, seus dois mestres envelhecidos e, no entanto cansados de lutas pessoais ainda se unirão para defendê-lo. Skoda sabia manejar os homens, Semmelweis queria quebrá-los. Não se quebra ninguém. Quis arrombar todas as portas rebeldes, feriu-se cruelmente. Elas só se abririam após a sua morte”.
“Em nome da verdade devemos assinalar um grande defeito de Semmelweis: o de ser brutal em tudo e, em especial, consigo mesmo.” pg. 67.

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