Formado
em 1844 se interessou pela alta incidência de febre puerperal em pacientes de
médicos e estudantes de medicina, quando comparado às mães que tinham seus
filhos com as parteiras do hospital. Suspeitou que isso se devesse ao fato dos
médicos e estudantes de medicina irem, por vezes, direto da lida com cadáveres
para a sala do parto. Os médicos, que acreditavam ser impossível o contágio por
manipulação de cadáveres - pois a morte era o fim de todo e qualquer manifestação
de vida do paciente e, portanto não havia o que transmitir - e julgaram sua
hipótese estúpida. Para eles a febre se originava do próprio corpo da paciente,
e os esforços de cura eram inúteis. O Doutor insistiu, mandou instalar pias e
exigiu que todos se higienizassem antes do parto. Apesar dos impressionantes
resultados - queda de 18% para 1,2% de contaminação - os médicos e estudantes,
injuriados, resistiram e por fim foram liberados pela direção do hospital de
realizar a higienização. Com alguns profissionais o procedimento não mostrava
tantos resultados positivos... Talvez estes não tomassem realmente as
precauções recomendadas... O Doutor foi perseguido, e apesar do sucesso das
poucas experiências que conseguiu realizar, não obteve reconhecimento. Em 1858
apresentou sua tese na academia de medicina de Paris, que foi rejeitada. Foi
dado como louco e internado. Ao sair da internação, invade o anfiteatro da
faculdade, vai até o cadáver que estava sendo dissecado, fura-o num ponto
infeccioso com o bisturi e corta-se. Morre três dias depois, aos 47 anos.
Segundo
a versão de Celine, o corte foi acidental, num momento de loucura, e o suplício
da morte demorou três semanas, e neste período é que ele foi internado em um
hospício.
Celine
diz ainda que Semmelveis tinha um gênio irascível,
Diz
que seus dois mestres e melhores amigos “procurando apoiá-lo, aconselhá-lo,
várias vezes tentaram moderar seus arroubos impetuosos, convencê-lo da
inutilidade de suas insolências, de suas intermináveis polemicas com
contraditores de má fé”. “Durante os anos de impiedosas provações, quando a
malta dos inimigos uivou seu ódio a Semmelweis acuado, banido, seus dois
mestres envelhecidos e, no entanto cansados de lutas pessoais ainda se unirão
para defendê-lo. Skoda sabia manejar os homens, Semmelweis queria quebrá-los.
Não se quebra ninguém. Quis arrombar todas as portas rebeldes, feriu-se
cruelmente. Elas só se abririam após a sua morte”.
“Em
nome da verdade devemos assinalar um grande defeito de Semmelweis: o de ser
brutal em tudo e, em especial, consigo mesmo.” pg. 67.
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