sexta-feira, 3 de agosto de 2012

REEDUCAÇÃO ALIMENTAR - OBESIDADE








Para se iniciar um processo de emagrecimento é necessário produzir um déficit calórico, ou seja, é necessário que a quantidade de calorias utilizadas pelo organismo na sua subsistência cotidiana seja maior do que a quantidade de calorias ingeridas por esse mesmo organismo no mesmo período.





Como conseguir este déficit calórico? Nossa proposta consiste principalmente numa mudança do hábito alimentar, mudança esta que, uma vez conseguida e transformada num novo hábito, possa ser mantida por anos sem muito esforço ou sofrimento.





Esta mudança do hábito alimentar é fundamentada em dois pontos. O primeiro é reduzir o consumo de alimentos. Este é o ponto fácil. O segundo é comer devagar. Este é o ponto difícil.



Explicando melhor o primeiro ponto: trata-se de reduzir as quantidades habituais de alimentação diária. Em casos mais severos, como o da obesidade mórbida, pode-se reduzir pela metade. Contudo, frutas e hortaliças não entram nesta conta, pois pesquisas realizadas já demonstraram que o consumo livre de frutas ( à exceção do abacate, que contem muita gordura ) e hortaliças não resulta em ganho de peso. Contudo todo o restante da alimentação deve ser reduzido pela metade, os carboidratos ( pães, cereais, arroz, massas, batata, mandioca ), as gorduras, as proteínas, o álcool. É possível reduzir em menor proporção os alimentos preferidos, e compensar a diferença em alimentos que não nos agradam tanto. O objetivo desta redução é atingir o déficit calórico que nos permitirá emagrecer. Pode parecer que não, mas esta é a parte fácil do programa de reeducação alimentar.



O segundo ponto fundamental do programa, tal como dito acima, é aprender a comer devagar. Assim, na nossa alimentação, tudo que é sólido deverá ser tão bem mastigado que será engolido quando já estiver líquido. E tudo que é líquido será saboreado antes de ser engolido, como se fosse mastigado. Esta é a parte difícil do programa, pois se trata de mudar hábitos muito arraigados. Contudo, uma vez que consigamos comer devagar, conseguir reduzir quantidades de alimento como o proposto acima fica realmente fácil.


Vários são os benefícios adquiridos ao se alimentar devagar.



O cérebro leva de 15 a 20 minutos para emitir sinais de saciedade. Se comermos rapidamente, neste tempo ingerimos uma quantidade calórica muito superior às nossas necessidades, e acabaremos engordando. Se comermos devagar a chance de nos sentirmos saciados quando ainda não ingerimos calorias em excesso é bem grande.



A mastigação cuidadosa de tudo que comemos produz grande quantidade de saliva. Essa saliva misturada aos alimentos ingeridos produz um bolo fecal mais viscoso, o que tornará absorção dos nutrientes fica mais lenta e constante. Assim, nos sentimos saciados e só voltamos a sentir fome de três a quatro horas depois que nós alimentamos, mesmo que tenhamos comido uma quantidade significativamente menor do que a habitual.



Além disso, essa viscosidade impede que tenhamos picos glicêmicos durante a absorção dos açucares, o que ajuda a prevenir o diabetes.



Outro ponto relevante é saber que com poucos dias de prática, às vezes com menos de uma semana alimentando-se mais vagarosamente, o estomago parece perceber que um alimento bem mastigado é bem melhor para ele. Estomago não é moela e não foi feito para triturar alimento. E ao perceber isso o estomago começa a nos ajudar nesta mudança de hábito, pois mesmo estômagos que nunca reclamavam de nenhum tipo de alimento antes, passa a reclamar, com alguma azia ou indisposição, quando o alimento chega mal mastigado, aos pedaços. E esta pequena indisposição funciona então como um maravilhoso alarme: epa, calma aí, você está se esquecendo de mastigar direito... e assim nos ajuda imensamente na mudança do hábito.



E comendo devagar podemos recuperar o prazer da alimentação, o prazer de realmente sentir o gosto dos alimentos que ingerimos. Antes, eles eram engolidos praticamente sem serem saboreados. Esse ponto é importante para a compreensão do processo de reeducação alimentar. Apesar da dificuldade de se mudar um hábito tão arraigado como o hábito de se alimentar rapidamente, o tratamento proposto tenta aumentar o prazer durante a alimentação. Ou seja, a alimentação pode ser feita com gosto, satisfação, prazer, e ser adequada. E ajudar a pessoa a manter um peso saudável.



Um cuidado é necessário quando comemos vagarosamente. É indicado que não alternemos os sabores doces e salgados. É melhor saborear todo o alimento de certo tipo, seja ele doce ou salgado, para depois mudarmos para o outro tipo. Dessa forma estimulamos o cérebro mais intensamente com certo tipo de sabor, e ficamos assim saciados mais rapidamente. Quando alternamos os sabores acabamos por retardar a sensação de saciedade.



É também importante não lavarmos a língua com nenhum tipo de líquido enquanto estamos nos alimentando. Podemos beber algo antes ou depois das refeições, mas não é indicado intercalar líquidos e sólidos durante a alimentação. Os líquidos, quando tomados intercalados com a refeição, lavam a língua. E desta forma retiram aqueles alimentos que a estavam estimulando nossos centros de saciedade no cérebro. Com isto retardamos a sensação de saciedade. Se estivermos comendo algo salgado é importante permanecer com este sabor até que nos sintamos saciados de comida de sal. Se lavarmos a língua acabamos por dificultar este processo, pois interrompemos a sensação de salgado que o cérebro estava recebendo até então.



Desta forma, a quantidade de calorias ingerida deve diminuir, mas não à custa de proibições. Se a pessoa está habituada a comer certos alimentos, não precisa abandoná-los. Basta diminuir quantidades e reaprender a saborear. É preciso resgatar o prazer de saborear, e recuperar o senso de saciedade e de fome. O paladar talvez seja o único componente consciente da saciedade e é, portanto, passível de observação, treinamento e desenvolvimento.



Por último, o bom é emagrecer lenta e continuamente. O ideal seria no máximo 2 kilos por mês. Se emagrecemos muito rapidamente o corpo se percebe em estado de carência calórica, baixa o metabolismo como que para prevenir a morte por inanição, e assim paramos de emagrecer.




Algumas dicas para treinar o paladar:


· Evitar refeições apressadas.


· Alimentar-se sentado e sem outras atividades paralelas.


· Um ambiente calmo facilita o treinamento da atenção ao ato de comer.


· Porções pequenas, inclusive de líquidos. Pratos pequenos dão a impressão de ter mais alimento. Talheres pequenos também são indicados.


· Soltar os talheres enquanto se alimenta. Boca cheia, mãos vazias.


· Saborear: procurar sentir o paladar, a consistência, a textura e o cheiro do alimento. Reaprender o prazer de comer, que estava esquecido, pois engolíamos o alimento praticamente sem nos determos no sabor.


· Engolir completamente antes de colocar outra porção de alimento na boca.


· Como explicado anteriormente, não misturar líquidos e sólidos. O líquido, quando intercalado aos alimentos sólidos, diminuí a química do paladar, dificultando assim a saturação e a saciedade.


· Evitar grandes intervalos de tempo entre as refeições. Quando a fome é muito intensa é mais difícil comer devagar e saborear.



Convém ressaltar: ao comer devagar, tal como proposto acima, na verdade estaremos, num sentido quase que não metafórico, meditando. Meditar é parar, voltar-se para si, e tentar focar sua atenção em algo (que pode ser o próprio ato de alimentar) e esvaziar, assim, a mente das preocupações indevidas.


Sugiro a leitura do artigo desse blog "meditação", para melhor compreensão.

http://blogdonello.blogspot.com.br/2012/05/meditacao.html


Um comentário:

Helen de Sá Machado disse...

Excelente! Vou enviar seu texto para quem deseja emagrecer com saúde.
Particularmente já possuo esses hábitos. Minha dúvida é só uma: será que o homem é um ser carnívoro? A carne vermelha, principalmente, é difícil digerir. Abcs