O amor é uma
necessidade biológica, assim como o contato físico. Na década de 80 no Canadá, em
um centro de terapia intensiva para recém-nascidos, os bebês ficavam em
incubadoras fechadas e eram tratados evitando os contatos físicos. Essa era a
orientação médica em todo o mundo, seja para os CTIs infantis, seja para os
orfanatos: evitar o contato para se evitar a contaminação. Mas neste CTI do
Canadá alguns pacientes tinham um crescimento mais rápido. Os médicos acabaram
descobrindo que estes pacientes só tinham uma coisa em comum: eram cuidados por
uma enfermeira novata. Ao conversar com essa enfermeira descobriram que ela,
apesar das recomendações explícitas da época, de não tocar nas crianças para se
evitar o risco de contaminação, sentia dó dos pequenos quando estes choravam e
os pegava no colo e acariciava.
Os resultados foram
confirmados em experimentos com filhotes de ratos separados da mãe ao nascer.
Sem contato físico eles não cresciam. E era só passar um pincel úmido nas
costas dos animaizinhos, simulando a lambida materna, que eles voltavam a se
desenvolver. Sem o contato físico os batimentos cardíacos ficam até 50% abaixo
do esperado e outras 15 funções fisiológicas são alteradas, do controle da
temperatura corporal à imunidade.
Em pessoas, várias
pesquisas já estabeleceram a importância da qualidade do relacionamento entre
pais e filhos na determinação do equilíbrio do sistema parassimpático (que
controla o ritmo cardíaco) anos depois. Em orfanatos onde internos recebem pouco contato físico e afeto há maior
índice de mortalidade por doenças comuns e até atrofia cerebral. Estudos
britânicos e americanos apontam que a média de tempo de sobrevivência de idosos
viúvos é muito mais curta do que a de homens da mesma idade cuja esposa ainda
está viva, e o mesmo vale para pacientes em recuperação de câncer de próstata.
Até mesmo a companhia de animais de estimação é comprovadamente eficaz para tentar
restabelecer o equilíbrio.
Após a pesquisa
canadense a recomendação aos CTIs neonatais e aos orfanatos se modificou,
apontando a necessidade do contato físico e afetivo. No Brasil, a experiência com
as “mães cangurus” (que ficavam com seus recém-nascidos precoces enfaixados,
nus, em contato com seus corpos) confirmaram a enorme importância do contato
pele a pele na saúde dos bebes.
Fonte: Curar, David
Servan-Schreiber, Sá editora.
Um comentário:
Sem falar no tanto que é bom né? :)
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