1
Para vir a saborear tudo
Não queiras saborear nada.
Para vir a saber tudo
Não queiras saber nada de nada.
Para vir a possuir tudo
Não queiras ter nada de nada.
Para vir a ser tudo
Não queiras ser nada em nada.
2
Para chegar ao que não saboreias
Tens de ir por onde não
saboreias.
Para chegar ao que não sabes
Tens de ir por onde não sabes.
Para chegar a ter o que não
possuis
Tens de ir por onde não possuis.
Para chegar ao que não és
Tens de ir por onde não és.
3
Quando reparas em algo
Deixas de te arrojar ao tudo.
Para chegar de todo ao tudo
Hás-de perder-te de todo em
tudo,
E quando o vieres de todo a ter
Hás-de tê-lo sem nada querer.
4
Nesta desnudez encontra o
espírito o seu descanso,
porque nada cobiçando,
nada o cansa para cima
e nada o oprime para baixo
porque está no centro da sua
humildade.
FONTE: S. João da CRUZ (1542-1591) – Doutor da Igreja, “Escritos
Breves – O Monte da Perfeição ou Monte Carmelo” in OBRAS COMPLETAS, Edições Carmelo
[Tradução portuguesa - tradução das poesias: Fernando Melro], Marco de
Canaveses – Portugal, 62005,
p.126.
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