quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

46. E a guerra se aproxima




(Da série “Como João Guimarães Rosa pode mudar sua vida”, parte 46)

Agora o grupo procura por Hermógenes, para consumar sua vingança. Riobaldo ordena que a mulher do dito cujo fosse levada, sob guarda, para o arraial do Paredão. Desconfiava que o bando do inimigo estivesse engrossado pelos sobreviventes do Ricardão e outros jagunços. Riobaldo envia sentinelas e batedores para tentar localizar o bando rival. Mas todos voltam sem notícias.

Riobaldo está inquieto. Ele pressente que o inimigo está próximo. Um ultimo olheiro chega, esbaforido, e conta que viu sinal do bando, ao que parece tentando dar o contorno no bando de Riobaldo e chegar por trás,  até onde foram deixados a mulher refém e só uns 10 homens.

Riobaldo divide o bando em dois. Metade fica ali mesmo, esperando. A outra metade, com ele junto, vai tentar ir até o Paredão, coisa de seis léguas, impedir o resgate da mulher do Hermógenes.

Quando faltava coisa de uma légua para chegar, novas noticias: o Trigoso retorna e vem dizer que umas três léguas abaixo viu um homem com uma moça que parecia ser Otacília, a noiva de Riobaldo.

Riobaldo se vê dividido: não pode deixar seus homens, com a guerra fungando nos cangotes. Mas também não pode deixar a noiva desprotegida no meio dessa desordem toda.

Riobaldo é o chefe, mas ainda é também o menino de antes. Se fosse só o urutu branco ia dar batalha com o bando e depois veria se achava Otacília. Mas ele ainda se angustia e sente medo. Resolve ir atrás da moça só com mais dois homens e manda o bando seguir caminho pro Paredão.

Diadorim faz menção de seguir com Riobaldo e ele se irrita.

Tu volta, mano. Eu sou o Chefe! – pronunciei. E ele, falando de um bem-querer que tinha a inocência enorme, respondeu assaz:
– “Riobaldo, você sempre foi o meu chefe sempre...”
Ainda vi como ele – com a mão, que era tão suave em paz e tão firme em guerra – amimava o arção do selim. Repostei um feio xingo. Bramei isso, porque o azo de Diadorim me transtornava. Dei de rédea. Com um raspo de galope, peguei junto com Alaripe e o Quipes, que mais adiantados me aguardavam. Nem espiei para trás – não ver que Diadorim obedecia, mas como devia de parar estacado lá, té que o meu vulto desaparecesse. Desjustiça.
(...)
Fui, com desejos repartidos.

Riobaldo passa a noite toda procurando em vão e, já no outro dia, resolve deixar seus dois homens ainda tentando achar e volta para o bando. E chega ao Paredão no fim da tarde. Diadorim fica feliz quando o vê. Riobaldo organiza seus homens. E se prepara para a guerra.

A noite chega.


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