(Da série “Como João Guimarães Rosa pode mudar sua
vida”, parte 46)
Agora o grupo procura por Hermógenes, para
consumar sua vingança. Riobaldo ordena que a mulher do dito cujo fosse levada,
sob guarda, para o arraial do Paredão. Desconfiava que o bando do inimigo
estivesse engrossado pelos sobreviventes do Ricardão e outros jagunços.
Riobaldo envia sentinelas e batedores para tentar localizar o bando rival. Mas
todos voltam sem notícias.
Riobaldo está inquieto. Ele pressente que o
inimigo está próximo. Um ultimo olheiro chega, esbaforido, e conta que viu
sinal do bando, ao que parece tentando dar o contorno no bando de Riobaldo e
chegar por trás, até onde foram deixados
a mulher refém e só uns 10 homens.
Riobaldo divide o bando em dois. Metade fica ali
mesmo, esperando. A outra metade, com ele junto, vai tentar ir até o Paredão,
coisa de seis léguas, impedir o resgate da mulher do Hermógenes.
Quando faltava coisa de uma légua para chegar,
novas noticias: o Trigoso retorna e vem dizer que umas três léguas abaixo viu
um homem com uma moça que parecia ser Otacília, a noiva de Riobaldo.
Riobaldo se vê dividido: não pode deixar seus
homens, com a guerra fungando nos cangotes. Mas também não pode deixar a noiva
desprotegida no meio dessa desordem toda.
Riobaldo é o chefe, mas ainda é também o menino
de antes. Se fosse só o urutu branco ia dar batalha com o bando e depois veria
se achava Otacília. Mas ele ainda se angustia e sente medo. Resolve ir atrás da
moça só com mais dois homens e manda o bando seguir caminho pro Paredão.
Diadorim faz menção de seguir com Riobaldo e ele
se irrita.
Tu volta, mano. Eu sou o Chefe! – pronunciei.
E ele, falando de um bem-querer que tinha a inocência enorme, respondeu assaz:
–
“Riobaldo, você sempre foi o meu chefe sempre...”
Ainda vi
como ele – com a mão, que era tão suave em paz e tão firme em guerra – amimava
o arção do selim. Repostei um feio xingo. Bramei isso, porque o azo de Diadorim
me transtornava. Dei de rédea. Com um raspo de galope, peguei junto com Alaripe
e o Quipes, que mais adiantados me aguardavam. Nem espiei para trás – não ver
que Diadorim obedecia, mas como devia de parar estacado lá, té que o meu vulto
desaparecesse. Desjustiça.
(...)
Fui, com
desejos repartidos.
Riobaldo passa a noite toda procurando em vão e,
já no outro dia, resolve deixar seus dois homens ainda tentando achar e volta
para o bando. E chega ao Paredão no fim da tarde. Diadorim fica feliz quando o
vê. Riobaldo organiza seus homens. E se prepara para a guerra.
A noite chega.
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