“A ciência é grosseira, a vida é sutil.
... em cada signo dorme este monstro: um
estereótipo: nunca posso falar senão recolhendo aquilo que se arrasta na
língua.
... tratava-se, em suma, de compreender
como uma sociedade produz estereótipos, isto é, cúmulos de artifício, que ela
consome em seguida como sentidos inatos, isto é, cúmulos de natureza.”
"Em síntese: periodicamente, devo
renascer, fazer-me mais jovem do que sou. (...) Empreendo, pois, o deixar-me
levar pela força de toda vida viva: o esquecimento. Há uma idade em que se
ensina o que se sabe; mas vem em seguida outra, em que se ensina o que não se
sabe: isso se chama pesquisar. Vem talvez agora a idade de uma outra
experiência, a de desaprender, de deixar trabalhar o remanejamento imprevisível
que o esquecimento impõe à sedimentação dos saberes, das culturas, das crenças
que atravessamos. Essa experiência tem, creio eu, um nome ilustre e fora de
moda, que ousarei tomar aqui sem complexo, na própria encruzilhada da sua
etimologia: Sapientia: nenhum poder, um pouco de saber, um pouco de sabedoria,
e o máximo de sabor possível".
Aula inaugural da cadeira de semiologia
literária pronunciada em 07/01/77
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