folha de sao paulo, domingo, 25 de julho de 2004.
“A obsessão atual por coisas infantis pode parecer um
detalhe trivial, mas a saudade onipresente da infância entre os adultos jovens
é sintomática de uma insegurança profunda em relaçao ao futuro. A hesitação em
aderir à condição adulta reflete uma aspiração reduzida à independência, ao
compromisso e à experimentação.
...
O senso de desespero que cerca a identidade adulta ajuda a
explicar por que a cultura contemporânea tem dificuldade em traçar uma linha
divisória entre a infância e a idade adulta. A infantilidade é idealizada pela
simples razão de que sentimos desesperança ao pensarmos em viver a alternativa.
A depreciação da condição adulta é resultado da dificuldade que nossa cultura
tem em afirmar os ideais normalmente associados a essa etapa da vida das
pessoas.
Maturidade, responsabilidade e compromisso sao afirmados
debilmente pela cultura contemporânea. Tais ideais contradizem o senso de
impermanência que prevalece no cotidiano. É o esvaziamento gradativo da
identidade adulta que desencoraja os jovens, homens e mulheres, a aderir com
afinco à próxima etapa de suas vidas”.
Frank furedi, sociologo.
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