João Guimarães Rosa, no livro "Grande
Sertão Veredas":
"Da mulher - que me chamaram: ela não
estava conseguindo botar seu filho no mundo. E era noite de luar, esta mulher
assistindo no próprio rancho. Nem rancho, só um papiri à-toa. Eu fui. Abri,
destapei a porta - que era simples e encostada, pois que tinha porta; só não
alembro se era um couro de boi ou um tranço de buriti. Entrei no olho da casa,
lua me esperou lá fora. Mulher tão precisada: pobre que não teria o com que
para uma caixa-de-fósforo. E ali era um povoado só de papudos e pernósticos. A
mulher me viu, da esteira em que estava se jazendo, no pouco chão, olhos dela
alumiaram de pavores. Eu tirei da algibeira uma cédula de dinheiro, e falei: -
'Toma, filha de Cristo, senhora dona: compra um agasalho para esse que vai
nascer defendido e são, e que deve se chamar Riobaldo...' Digo ao senhor: e foi
menino nascendo. Com as lágrimas nos olhos, aquela mulher rebeijou minha mão...
Alto eu disse, no me despedir: - Minha Senhora Dona: um menino nasceu - o mundo
tornou a começar!...' - e sai para as luas".
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