Um estudo realizado em ratos por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostra que o ômega 3 é capaz de regenerar neurônios. A pesquisa aponta para a possibilidade de, no futuro, se criar drogas que possibilitem a regeneração cerebral de pessoas com epilepsia e alguns tipos de demências.
Para a realização da pesquisa, 20 ratos adultos foram separados em quatro grupos distintos, com livre acesso a água e comida. Ao primeiro grupo, chamado de controle sadio, foi administrado placebo. Ao segundo, que também era composto por animais sadios, foi incluído em sua dieta ômega 3. Nos grupos 3 e 4, formados por ratos com crises de epilepsia, foi administrado placebo a um e, ao outro, o ômega 3. A quantidade do ácido graxo administrado aos ratos foi compatível com a quantidade de ingestão de peixes recomendada a seres humanos, que é de três vezes por semana.
Após 60 dias ininterruptos de tratamento, a análise do tecido cerebral dos ratos mostrou que o ômega 3 foi capaz não apenas de minimizar a morte de células cerebrais dos animais com epilepsia, como também capaz de regenerá-lo, com a formação de novos neurônios.
De acordo com o neurocientista Fúlvio Alexandre Scorza, chefe da disciplina e coordenador da pesquisa, os resultados indicam que o cérebro é capaz de se regenerar, o que é importante porque crises prolongadas de epilepsia podem lesionar os neurônios.
Em 2008, Scorza e sua equipe de pesquisadores já haviam verificado que esse ácido graxo – encontrado em maiores concentrações no salmão, no atum e na sardinha – ajudava a prevenir a morte neuronal em ratos com crises de epilepsia. Isso, graças ao seu potencial de aumentar a produção de proteínas que capturam a entrada do cálcio no neurônio e, consequentemente, diminui a morte dessas células.
Após os resultados encontrados, estudos sobre o efeito da adição do ômega 3 na dieta de crianças com epilepsia refratária – de difícil controle – estão sendo conduzidos por médicos da Unifesp e da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto. Entretanto, segundo o pesquisador, o principal tratamento da doença ainda é medicamentoso e a adição do ácido graxo na alimentação desses pacientes é apenas coadjuvante para tentar minimizar as crises.
Parasita
Caracterizada pela alteração temporária e reversível do funcionamento cerebral, a epilepsia pode ocorrer sem uma causa aparente ou devido a traumas na cabeça ou durante o parto, tumores cerebrais e abuso de álcool e drogas. Sua incidência varia entre 1% e 2%, sendo mais freqüente nos países em desenvolvimento, onde ainda são comuns casos de desnutrição, doenças infecciosas, principalmente por falta de saneamento básico adequado, e assistência médica deficiente.
No Brasil, a principal causa da epilepsia ainda é a neurocisticercose, doença causada pela ingestão acidental dos ovos da Taenia solium – popularmente conhecida como solitária – presentes em verduras mal lavadas, água contaminada ou carne de porco crua ou mal cozida.
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