domingo, 13 de janeiro de 2013

O amor e o contato físico são necessidades biológicas


O amor é uma necessidade biológica, assim como o contato físico. Na década de 80 no Canadá, em um centro de terapia intensiva para recém-nascidos, os bebês ficavam em incubadoras fechadas e eram tratados evitando os contatos físicos. Essa era a orientação médica em todo o mundo, seja para os CTIs infantis, seja para os orfanatos: evitar o contato para se evitar a contaminação. Mas neste CTI do Canadá alguns pacientes tinham um crescimento mais rápido. Os médicos acabaram descobrindo que estes pacientes só tinham uma coisa em comum: eram cuidados por uma enfermeira novata. Ao conversar com essa enfermeira descobriram que ela, apesar das recomendações explícitas da época, de não tocar nas crianças para se evitar o risco de contaminação, sentia dó dos pequenos quando estes choravam e os pegava no colo e acariciava.

Os resultados foram confirmados em experimentos com filhotes de ratos separados da mãe ao nascer. Sem contato físico eles não cresciam. E era só passar um pincel úmido nas costas dos animaizinhos, simulando a lambida materna, que eles voltavam a se desenvolver. Sem o contato físico os batimentos cardíacos ficam até 50% abaixo do esperado e outras 15 funções fisiológicas são alteradas, do controle da temperatura corporal à imunidade.

Em pessoas, várias pesquisas já estabeleceram a importância da qualidade do relacionamento entre pais e filhos na determinação do equilíbrio do sistema parassimpático (que controla o ritmo cardíaco) anos depois. Em orfanatos onde internos  recebem pouco contato físico e afeto há maior índice de mortalidade por doenças comuns e até atrofia cerebral. Estudos britânicos e americanos apontam que a média de tempo de sobrevivência de idosos viúvos é muito mais curta do que a de homens da mesma idade cuja esposa ainda está viva, e o mesmo vale para pacientes em recuperação de câncer de próstata. Até mesmo a companhia de animais de estimação é comprovadamente eficaz para tentar restabelecer o equilíbrio.

Após a pesquisa canadense a recomendação aos CTIs neonatais e aos orfanatos se modificou, apontando a necessidade do contato físico e afetivo. No Brasil, a experiência com as “mães cangurus” (que ficavam com seus recém-nascidos precoces enfaixados, nus, em contato com seus corpos) confirmaram a enorme importância do contato pele a pele na saúde dos bebes.

Fonte: Curar, David Servan-Schreiber, Sá editora.

Um comentário:

Bit disse...

Sem falar no tanto que é bom né? :)