terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Manipulação

(In Dicionário de Semiótica)
A operação é a ação do homem sobre as coisas. A manipulação é a ação do homem sobre outros homens, visando a fazê-los fazer algo. Manipular é uma pessoa fazer a outra fazer o que a primeira quer que seja feito.
Projetada no quadrado semiótico, a manipulação enquanto fazer-fazer enseja quatro possibilidades:
fazer-fazer           fazer não fazer
                                  (intervenção)       (impedimento)

         não fazer não fazer       não fazer-fazer
(deixar fazer)          (não-intervenção)

A manipulação é uma forma de interação entre duas ou mais pessoas na qual o manipulador impele o manipulado a uma posição de falta de liberdade (na qual ele não pode não fazer), a ponto de ser este obrigado a aceitar o contrato proposto.

Podemos considerar quatro formas principais de manipulação: intimidação, provocação, tentação e sedução.

Na intimidação e na provocação nos sentimos, quando manipulados, obrigado a fazer. Na tentação e na sedução, quando manipulados, sentimos que queremos fazer.

O manipulador pode exercer sua manipulação apoiando-se no poder, propondo ao manipulado objetos positivos (valores culturais) ou negativos (ameaças); em outros casos, ele se apoiará no saber fazendo com que o outro saiba o que ele pensa de sua competência sob a forma de juízos positivos ou nega­tivos. Assim, a manipulação segundo o poder caracteriza a tentação (em que é proposto algo positivo que lhe pode ser dado) e a intimidação (em que é feita alguma forma de ameaça).

O manipulador pode exercer sua manipulação apoiando-se no saber, através da provocação (através de um juízo negativo: "Tu és incapaz de ...") e a sedução (na qual se manifesta um juízo positivo: “Você é tão legal, faz isso pra mim...”).
Uma vez manipulado o sujeito como que perde a sua qualidade de sujeito, renunciando a sua soberania, ou seja, renunciando a sua liberdade e a sua independência. O comportamento impulsivo, aparentemente irrefletido, onde o sujeito somente reage a algo, e não realmente age (A ação verdadeiramente humana pressupõe a inteligencia verdadeiramente humana, ou seja, a capacidade de esperar que a realidade se manifeste por inteiro para, aí sim, escolher o curso de ação que se deseja.) também reflete a falta de soberania assim como evidencia que o sujeito foi manipulado.  

2 comentários:

Anônimo disse...

O ideal é estar vacinado contra as pessoas manipuladoras, porque geramente as vítimas são pessoas introspectivas e inocentes, atributos que as deixam mais vulneráveis à manipulação.

MADU CAMPOS disse...

Só há duas maneiras de fazer o outro fazer o que queremos: pela forca ou pela persuasão. Acredito que a manipulação se inclua na primeira categoria.