quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

EMILY DICKINSON

A dor - tem um elemento em branco.
Desde quando dói
Não se recorda, nem se houve tempo
em que ela não foi.

Seu futuro - só ela mesma;
Seu infinito contendo
O seu passado - que deixa ver
Novos períodos - doendo.  




Entre a forma da vida e a vida
a distinção é definida
Como o licor entre os lábios
e o licor no licoreiro.
Para guardar, este é um primor,
Mas para a ânsia do êxtase
Licor nos lábios é melhor -
eu sei porque provei.  





Morrer por ti seria pouco -
P’ra os gregos a morte era fácil
Viver, amado, é de mais preço -
E é o que te ofereço.    



Na dor eu passo a vau -
charcos inteiros -
Questão de hábito.
Mas um leve esbarro de alegria
Me embaralha os pés,
Perco o equilíbrio - ébria.
Que nenhum seixo se ria -
Bebida inédita -
É só isto!

Um comentário:

Nello Rangel disse...

"Morrer por ti seria pouco -
P’ra os gregos a morte era fácil
Viver, amado, é de mais preço -
E é o que te ofereço."