terça-feira, 29 de outubro de 2013

Homem evolui mais devagar que macaco, diz estudo



Interessantíssima matéria publicada na folha. Mostra como o homem se tornou um ser de aprendizagem. Interessante também observar como a homogeneidade genética entre os humanos ( "...só uma colônia selvagem desses macacos na África tem mais variabilidade genética do que toda a humanidade" ) só permite se falar em um única raça humana, jogando por terra toda a argumentação racista.





RAFAEL GARCIA
DE SÃO PAULO
Fonte: Folha de São Paulo

"A comparação da atividade genética de humanos com a de chimpanzés sugere que o Homo sapiens está evoluindo de forma mais lenta que os macacos. A descoberta foi feita por cientistas que investigam por que o homem e seu primo mais próximo são tão diferentes, apesar de terem 98% do DNA idêntico.

O segredo das diferenças físicas e comportamentais está em quais genes são de fato ativos em cada espécie. Analisando células embrionárias, a brasileira Carolina Marchetto, do Instituto Salk, de San Diego (EUA), descobriu mecanismos que freiam a taxa de transformação genética da espécie humana.

A descoberta favorece a hipótese de que o advento da cultura desacelerou a evolução biológica: uma vez que humanos se adaptam a distintos ambientes usando o conhecimento, nossa espécie não depende mais tanto de variação genética para evoluir e sobreviver a mudanças.

Já os macacos, mamíferos de cognição mais limitada, precisam que seu DNA evolua de forma rápida para sobreviver a mudanças: eles não têm como compensar a falta de características inatas necessárias usando apenas conhecimento e tecnologia.
Mas o DNA humano também não carece de evoluir? "Não sabemos o que estamos pagando por isso em termos de adaptação, mas por enquanto funciona de forma eficiente", diz Marchetto.

O trabalho da cientista, descrito hoje na revista "Nature", ajuda a explicar o mistério da maior diversidade do DNA símio. Um leigo pode achar que todos os chimpanzés são iguais, mas uma só colônia selvagem desses macacos na África tem mais variabilidade genética do que toda a humanidade.

Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress

O PULO DO GENE

Segundo o estudo de Marcheto, a maior variabilidade genética dos macacos tem a ver com os chamados transpósons, genes que saltam de um lugar para outro dos cromossomos. Nesse processo, os transpósons reorganizam o genoma, ativando alguns genes e desativando outros.

Esses "genes saltadores" são bastante ativos em chimpanzés e bonobos (macacos 
igualmente próximos da linhagem humana). Em humanos, o transpóson é suprimido por dois outros genes que são ativados em abundância e inibem o "pulo" genético.
Chimpanzés, de certa forma, precisam de transpósons. Com ferramentas rudimentares e sem linguagem para transmitir conhecimento, eles têm de oferecer maior variabilidade genética à seleção natural para que ela os torne mais bem adaptados, caso o ambiente se altere.

A pesquisa de Marchetto só foi possível porque seu o laboratório no Salk, liderado pelo biólogo Fred Gage, domina a técnica de reverter células ao estágio embrionário.
O material usado na pesquisa foi extraído da pele de macacos e pessoas, pois há uma série de limitações para o uso de embriões em experimentos científicos.

Revertido ao estágio de "células pluripotentes induzidas", o tecido cutâneo se comporta como embrião, e é possível investigar a biologia molecular dos estágios iniciais do desenvolvimento, quando o surgimento de diversidade genética tem consequências futuras.
"Uma das coisas especiais do nosso estudo é que a reprogramação de células de chimpanzés e bonobos nos dá um modelo para começar a estudar questões evolutivas que antes não tínhamos como abordar", diz Marchetto.

RUMO AO CÉREBRO

As diferenças de ativação de genes entre humanos e chimpanzés, explica, não se restringem a células embrionárias. A ideia de Marcheto e de seus colegas agora é transformar essas células em neurônios, por exemplo, para entender como a biologia molecular de ambos se altera durante a formação do cérebro."

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Poesia de Nello Nuno, 1975.

Atrás da porta aberta
Há outra porta
e outra porta
e outra porta
e outra porta
e outra porta

Atrás da porta fechada
Há outra porta
Fechada.



quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Meu doce João



Não sei se você sabe que quando você ia nascer eu tinha medo de ter um menino.
Tinha medo de menino ser mais agitado, impaciente, nervoso, com dificuldades de parar.
Tinha medo de ter um menino parecido com o menino que eu fui. Dei trabalho demais pra sua avó!
Tio Ricardo até apostou comigo, ele tinha certeza que seria uma menina. Então apostei que seria um menino. E ganhei um enorme queijo parmesão do mercado central.
E ainda ganhei você, um menino.
E gostei tanto... Veio um amigo, um companheiro corajoso, um amigo que eu amo tanto.
E um menino tão carinhoso, tão delicado, um menino que quando ama gosta de provocar e fazer hora com a nossa cara (puxou a mãe...), que confia tanto em mim ( é tão bom sentir isso...), que tudo pergunta e quer saber.
Foi um presente inesperado.
Você se lembra de quando tive que te buscar de madrugada na casa do seu amigo? Você não conseguia dormir. Voltando pra casa você me pediu desculpas. Eu lhe disse que não precisava. Que lhe buscaria que hora fosse, quantos dias fossem... que eu gostava muito que você pudesse dormir na casa de seus amigos. Chegamos em casa, te arrumei um pouquinho e você deitou. Eu perguntei se você gostaria que me deitasse um pouco ao seu lado (achei que você estava um pouco triste por não ter dormido na casa do Lucas). Você quis. Eu me deitei de bruços, você virou e colocou o braço nas minhas costas. E disse baixinho: “Você é o melhor pai do mundo...” e eu me senti o pai mais feliz do mundo...
No outro dia te perguntei se você se lembrava do que tinha me dito e você disse que não... já tava meio dormindo... 
João, te amo demais. Você é o filho mais especial que eu jamais pensei merecer. Adoro ser seu pai! 
Parabéns, meu filho. Agora tens 10 anos! E tá enorme! Um grande beijo e toda felicidade do mundo!

Nello

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Meditação em um minuto


Interessante vídeo de como praticar meditação por um minuto.


http://www.youtube.com/watch?v=5hosDJj1cCw


obs: Foi a única versão em português (de Portugal) que achei. Favor ignorar a propaganda no final do vídeo. A versão em espanhol e inglês são melhores, é só procurar no youtube.

Ômega 3 é capaz de regenerar neurônios de ratos, aponta pesquisa


Do UOL Ciência e Saúde

Um estudo realizado em ratos por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostra que o ômega 3 é capaz de regenerar neurônios. A pesquisa aponta para a possibilidade de, no futuro, se criar drogas que possibilitem a regeneração cerebral de pessoas com epilepsia e alguns tipos de demências.
Para a realização da pesquisa, 20 ratos adultos foram separados em quatro grupos distintos, com livre acesso a água e comida. Ao primeiro grupo, chamado de controle sadio, foi administrado placebo. Ao segundo, que também era composto por animais sadios, foi incluído em sua dieta ômega 3. Nos grupos 3 e 4, formados por ratos com crises de epilepsia, foi administrado placebo a um e, ao outro, o ômega 3. A quantidade do ácido graxo administrado aos ratos foi compatível com a quantidade de ingestão de peixes recomendada a seres humanos, que é de três vezes por semana.
Após 60 dias ininterruptos de tratamento, a análise do tecido cerebral dos ratos mostrou que o ômega 3 foi capaz não apenas de minimizar a morte de células cerebrais dos animais com epilepsia, como também capaz de regenerá-lo, com a formação de novos neurônios.
De acordo com o neurocientista Fúlvio Alexandre Scorza, chefe da disciplina e coordenador da pesquisa, os resultados indicam que o cérebro é capaz de se regenerar, o que é importante porque crises prolongadas de epilepsia podem lesionar os neurônios.
Em 2008, Scorza e sua equipe de pesquisadores já haviam verificado que esse ácido graxo – encontrado em maiores concentrações no salmão, no atum e na sardinha – ajudava a prevenir a morte neuronal em ratos com crises de epilepsia. Isso, graças ao seu potencial de aumentar a produção de proteínas que capturam a entrada do cálcio no neurônio e, consequentemente, diminui a morte dessas células.
Após os resultados encontrados, estudos sobre o efeito da adição do ômega 3 na dieta de crianças com epilepsia refratária – de difícil controle – estão sendo conduzidos por médicos da Unifesp e da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto. Entretanto, segundo o pesquisador, o principal tratamento da doença ainda é medicamentoso e a adição do ácido graxo na alimentação desses pacientes é apenas coadjuvante para tentar minimizar as crises.

Parasita

Caracterizada pela alteração temporária e reversível do funcionamento cerebral, a epilepsia pode ocorrer sem uma causa aparente ou devido a traumas na cabeça ou durante o parto, tumores cerebrais e abuso de álcool e drogas. Sua incidência varia entre 1% e 2%, sendo mais freqüente nos países em desenvolvimento, onde ainda são comuns casos de desnutrição, doenças infecciosas, principalmente por falta de saneamento básico adequado, e assistência médica deficiente.
No Brasil, a principal causa da epilepsia ainda é a neurocisticercose, doença causada pela ingestão acidental dos ovos da Taenia solium – popularmente conhecida como solitária – presentes em verduras mal lavadas, água contaminada ou carne de porco crua ou mal cozida.

"É preciso criar leis contra a discriminação genética", diz historiador



14/09/2013 - O Congresso Mundial sobre Doença de Huntington, que começa amanhã no Rio, terá entre seus palestrantes um dos mais famosos portadores da mutação que causa esse mal neurodegenerativo incurável e fatal: o historiador Kenneth Serbin, conhecido pelo blog de Gene Veritas, pseudônimo que usou por mais de uma década.

Ainda livre de sintomas, Serbin decidiu manter seu cérebro estimulado com uma manobra radical: aos 53 anos, o professor da Universidade da Califórnia em San Diego está mudando de ramo.

Ele é especialista na história recente do Brasil. Tem dois livros publicados pela Companhia das Letras. Um deles é "Diálogos na Sombra "" Bispos e Militares, Tortura e Justiça Social na Ditadura", tema sobre o qual falará semana que vem na Comissão da Verdade da Assembleia Legislativa de São Paulo.

Nos últimos anos, Serbin começou a migrar para o campo da história da ciência. Na sua avaliação, a sociedade precisa de leis para amparar pessoas como ele, para que possam se preparar para doenças devastadoras sem medo de discriminação.

O gene associado com Huntington conta com trechos repetidos. Quem tem de 10 a 25 repetições é normal. Ter entre 36 e 39 repetições já implica risco considerável. De 40 em diante, é certo que a pessoa vai ter a doença. Serbin tem 40, assim como sua mãe, que morreu aos 48 anos.

Casado com a historiadora brasileira Regina Barros Serbin, que conheceu em 1991 num encontro às cegas no restaurante italiano Parmê do largo do Machado, no Rio, Serbin falou à Folha em português fluente.

Folha - Os EUA têm desde 2008 uma legislação contra a discriminação genética, mas no Brasil há um projeto de lei (4.610/98) esperando ser aprovado há 15 anos. Todo país precisa de uma lei dessas?

Kenneth Serbin - Essa legislação é muito necessária, com as consequências do genoma e das pesquisas que estão mudando o sistema de saúde. O fato de uma pessoa poder saber seu futuro por um teste genético exige mais proteção para o cidadão.

Infelizmente, a discriminação é forte entre empregadores, companhias de seguros, colegas de trabalho. A própria família discrimina o doente. Isso acontece com doenças neurológicas, que de certa forma mudam a personalidade da pessoa.

É necessária uma legislação que ajude as pessoas a ter uma vida tranquila, a criar um clima de entendimento sobre doenças genéticas. A gente tem de achar uma maneira de as pessoas não terem medo de fazer os testes.

O sr. levou 17 anos para sair do "armário genético". Por quê?

Eu só revelei isso agora para o meu plano de saúde, embora tivesse Huntington na família desde 1995. Tinha medo de perder o emprego, de ter de mudar de universidade e de plano de saúde, de ficar sem cobertura para Huntington. Todos esses anos eu me tratei do meu próprio bolso.

Sofreu alguma discriminação depois de revelar que era o autor do blog de Gene Veritas?

Foi primeiro uma reação de choque. Ninguém imaginava que eu e a minha família estivéssemos passando por isso. Três testes preditivos: primeiro minha mãe, em 1995, depois eu, em 1999, depois minha filha, em 2000.

É uma doença horrível, como se fosse uma combinação de alzheimer, parkinson e problemas psiquiátricos. Também problemas cognitivos, perda de memória de curto prazo, da fala, do raciocínio. Agressividade, depressão, alucinações. Algumas pessoas dizem que essa é a doença do diabo.

Os colegas não tinham noção, mas, até agora, encontrei bastante solidariedade.

Como o sr. compara a organização de quem milita pela causa no Brasil e nos EUA?

Há dificuldades em qualquer país. Nos EUA, a Sociedade Americana da Doença de Huntington existe há quase 50 anos. AAssociação Brasil Huntington tem mais ou menos 15 anos e está fazendo um ótimo trabalho, quando você leva em conta a quase inexistência de recursos. A americana tem orçamento na casa de US$ 9 milhões, e a brasileira, R$ 40 mil.

Queria que minha ida ao congresso no Rio desse impulso ao movimento, que as pessoas doassem mais dinheiro para a associação.

O sr. é católico praticante. Caso o teste de sua filha indicasse a mutação, o que o casal faria a respeito?

A gente teria de conversar, refletir, rezar, falar com os médicos, amigos e parentes. Seria uma decisão difícil. Claro que havia a possibilidade de aborto, aqui [nos EUA] é legal, diferentemente do Brasil. Não sei o que a gente teria feito. Pensava na possibilidade de um aborto? Sim.

Por causa da instabilidade genética, um homem pode passar para o filho uma versão mais grave da doença. De minha mãe eu herdei a cópia exata da mutação. Eu poderia ter passado para a minha filha uma mutação mais severa, e ela poderia desenvolver a doença na juventude. Dez por cento dos casos de Huntington são juvenis, a maioria morre antes dos 30 anos.

Nem todo teste genético é tão preditivo quanto o de Huntington. O sr. é a favor de testar embriões mesmo no caso dessas outras doenças?

Para isso existe a bioética. Sou contra o que se faz na China, na Índia, abortar pelo sexo da criança. Eu não faria, mas não vou julgar quem faz. Aborto tem de ser uma opção, para não acontecer o desastre de saúde pública que há no Brasil, com tantas mulheres que morrem porque não podem fazer aborto no hospital.

Um teste preditivo dá as informações de que você precisa para fazer seu plano para enfrentar a vida. Preciso me cuidar, tenho uma filha de 13 anos. Se eu ficar doente, não sou um peso só para mim, mas para minha família.

A que o sr. atribui a ausência de sintomas? Sua mãe desenvolveu a doença aos 48 anos, e o sr. está com 53. Tem esperança de não desenvolvê-la?

Faço exercícios, não como besteira. Esperança? Por enquanto, não.

Mudar de especialidade aos 50 anos é uma reviravolta. O sr. acredita que essa ginástica mental pode ter a ver com a ausência de sintomas?

Não posso comprovar nada cientificamente, mas acho que sim. Estou fazendo a coisa certa, seguindo os conselhos dos médicos. Tomo suplementos: creatina, coenzima Q10, açúcar trealose, ômega 3, comprimidos de mirtilo. Claro que o plano de saúde não cobre. A burocracia médica é lenta para aceitar os novos remédios.

Quanta informação o sr. dá para sua filha?

Se ela faz uma pergunta, respondo. Quando ela tinha uns dois ou três anos, já sabia que a avó estava doente. Falei que ela tinha um machucadinho no cérebro. Ela perguntou: "Como a vovó conseguiu esse machucadinho?". Disse que tinha nascido com ele. Ela logo disse: "Ainda bem que não nasci com esse machucadinho". Agora, com 13 anos, ela entende muito bem. Quem esconde só cria problemas.

PALESTRAS
Rio de Janeiro - "Como Lidar com a Doença", Congresso Mundial de Huntington, Hotel Sheraton, seg. (16) às 14h

São Paulo - "A Doença de Huntington e a Bioética", Centro Universitário São Camilo, r. Raul Pompeia, 144, sáb. (21) às 10h (aberto ao público)
Fonte: Folha de S.Paulo

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Emily Dickinson

(tradução de Ângela Lago, Um Livro de Horas, ed. Scipione.)



Para a hora da dor

Água, é sede que ensina.
Terra, a travessia do mar.
Êxtase, a agonia.
Paz, o guerrear.
Amor, o retrato eterno.
Pássaros, o inverno.

Para a hora da alegria

Alegria é um vento
Que nos levanta do piso
E nos deixa em outra parte,
Um lugar em desaviso.

Nos traz de volta, voltamos,
Sóbrios, depois de um tempo.
Novatos para uma tarde
Na terra do encantamento.